Mulher aponta machismo em curso de noivos de igreja Adventista
https://www.igoospel.com/2020/07/mulher-denuncia-curso-de-noivos-de.html
Jéssica Arruda de 28 anos, se inscreveu no curso de noivos oferecido pela comunidade evangélica que costuma frequentar, a Igreja Adventista do Sétimo Dia após ficar noiva com seu companheiro, Tulio Castro e ficou constrangida com alguns trechos do material do curso.
"Eu imaginava que coisas ultrapassadas seriam ditas, mas eu não imaginava que elas poderiam ser tão perigosas se você não souber o que é problemático" disse Jéssica no início da gravação.
Ao decorrer do vídeo, ela lê alguns dos conselhos contidos na apostila, como por exemplo: "O lar é uma extensão da personalidade da mulher. Converse mais sobre o lar e os filhos. Ajude-a nas atividades domésticas. Você não deixará de ser homem por isso", e "O homem fica frustrado e, muitas vezes, até com raiva quando a mulher se nega a fazer sexo".
Na legenda do vídeo que já passou de 80 mil visualizações e dois mil comentários, Jéssica explicou a sua decisão de expor o material, que foi editado em 2019.
"A verdade é que existem coisas muito perigosas nas entrelinhas desse material e me preocupa a mera possibilidade das pessoas não perceberem a gravidade de algumas ideias que estão presentes ali. Ideias que legitimam abuso, assédio, violência e transferência de responsabilidade. Além disso, quero alertar mulheres que carregam sozinhas a responsabilidade das atividades domésticas e o cuidado dos filhos, que elas precisam ser valorizadas e respeitadas. pois desempenham um trabalho tão exaustivo e cansativo quanto o de qualquer pessoa com carteira assinada", escreveu.
A noiva também reconheceu a boa intenção da igreja em tentar compilar informações para instruir casais sobre como ter uma relação duradoura, mas critica a instituição por perpetuar estereótipos de gênero.
"Entendo que se a igreja está preocupada com a felicidade mútua do casal deveria abordar o ideal divino estabelecido no Éden antes do pecado como o modelo a ser seguido e não reforçar os estereótipos de uma sociedade cheia de injustiça e manchada pelo pecado. Homem e mulher, feitos à imagem e semelhança de Deus, com igual importância e responsabilidade. É urgente a necessidade de mudar a abordagem e contribuir para uma sociedade menos machista, opressora, violenta e abusiva, mais próxima do que seria a vontade do Criador", finalizou ela.