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Cardeal Pell sabia de crimes de pedofilia na Igreja desde 1970

O cardeal George Pell sabia, desde os anos de 1970, dos crimes de pedofilia cometidos pelo clero australiano, mas não afastou os padres agr...

O cardeal George Pell sabia, desde os anos de 1970, dos crimes de pedofilia cometidos pelo clero australiano, mas não afastou os padres agressores, acusa um relatório hoje divulgado.



A comissão real de inquérito trabalhou durante cinco anos sobre as respostas institucionais aos crimes de pedofilia na Austrália, antes de apresentar as conclusões, em 2017, de acordo com o mesmo documento.

Mas as partes relativas ao antigo secretário da Economia do Vaticano foram mantidas secretas para não influenciar os jurados no inquérito, que visou diretamente Pell, de 78 anos.

Condenado em 2019 a seis anos de prisão por violações e agressões sexuais nos anos de 1990, Pell viu a condenação ser anulada, no mês passado, pela mais alta jurisdição australiana, o que permitiu a divulgação das conclusões daquela comissão.

A comissão real de inquérito afirmou que Pell se questionava desde 1973, quando estava ainda na diocese rural de Ballarat, no estado de Victoria, sobre a autorização dada ao padre Gerald Ridsdale, atualmente preso por pedofilia, para levar rapazes em viagens de campismo durante vários dias.

"Estamos também convencidos de que em 1973 o cardeal Pell não só conhecia as agressões pedófilas cometidas pelo clero, como também tinha previsto medidas para evitar situações suscetíveis de gerar comentários sobre o assunto"

A comissão considerou que o cardeal estaria "provavelmente ao corrente das agressões sexuais de Ridsdale" quando participou, em 1977, numa reunião para examinar a transferência do padre para outra paróquia.

Pell, que viveu com Ridsdale em 1973 e interveio para o defender em 1993 na primeira vez que compareceu perante a justiça, afirmou sempre não ter qualquer recordação sobre denúncias em Ballarat.

Gerald Ridsdale foi condenado por ter agredido meia centena de rapazes entre 1960 e 1980.


A mesma comissão de inquérito considerou que Pell devia ter pedido o afastamento de um outro padre, Peter Searson, depois de ter recebido em 1989, altura em que era bispo auxiliar de Melbourne, uma lista de queixas transmitida por professores.

Searson foi alvo de múltiplas denúncias entre os anos de 1970 e de 1990 por pedofilia, mas também por um comportamento "desagradável, estranho, agressivo e violento", de acordo com o relatório.

Pell reconheceu que devia ter sido "mais insistente" junto do arcebispo em relação ao caso de Searson. No entanto, para a comissão "cabia a Pell" ter atuado em 1989, o que só fez em 1997, já como arcebispo de Melbourne.

Foi neste ano que Searson se deu como culpado de agressão física de uma criança, mas nunca foi julgado por pedofilia e morreu em 2009.

Quando a comissão real iniciou os trabalhos em 2012, Pell, então arcebispo de Sydney, considerou que a extensão dos abusos cometidos no seio da Igreja católica era "exagerada".

No final, a comissão registou mais de quatro mil alegadas vítimas de atos pedófilos cometidos em instituições religiosas e avançou que 7% dos religiosos católicos tinham sido alvo de acusações de abusos sexuais entre 1950 e 2010, sem que estas suspeitas tenham sido investigadas. As crianças que denunciaram estes abusos foram ignoradas e, em alguns casos, punidas.

Em algumas dioceses, 15% dos padres eram suspeitos de pedofilia.


O cardeal Pell foi ouvido em várias ocasiões pela comissão de inquérito, tendo pedido desculpa à Igreja e reconhecido não ter estado à altura perante as acusações contra padres pedófilos nos anos de 1970.

Mas, garantiu, ter sido enganado pela hierarquia católica sobre aquilo que se passava realmente, numa época de "crimes e de dissimulação".

Absolvido no plano penal, Pell pode ainda ser processado civilmente pelo pai de um rapaz de coro, que acusa o cardeal de ter agredido sexualmente, nos anos de 1990, o filho, morto em 2014.

por Notíciasaominuto

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