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Zapatero lê a Bíblia para americano ver

 Publicado em 07 de fevereiro 2010 Obama diz querer manter boas relações com Espanha. Mas falhará cimeira de Madrid. José Luis Zapatero a ...

 Publicado em 07 de fevereiro 2010
Obama diz querer manter boas relações com Espanha. Mas falhará cimeira de Madrid.

José Luis Zapatero a citar a Bíblia é algo a que poucos espanhóis terão tido já a oportunidade de assistir. Mas ontem, em Washington, o primeiro-ministro socialista, agnóstico confesso e alvo preferencial da Igreja Católica de Espanha por medidas como a legalização do casamento homossexual e o alargamento de prazos do aborto, deu aos americanos esse privilégio.

"Não explorarás o trabalhador pobre e necessitado, seja um dos teus irmãos ou um dos estrangeiros que estão na tua terra. Dá-lhe o seu salário no próprio dia, antes do pôr-do-sol, porque ele é pobre e espera-o com ansiedade", disse o chefe do Governo espanhol, que foi aos Estados Unidos apesar de Obama não vir a Espanha à cimeira UE-EUA. A citação retirada do livro do Deuteronómio foi lida no National Prayer Breakfast (pequeno-almoço de oração nacional).
Numa intervenção para as 3500 pessoas presentes no evento organizado por um influente grupo de cristãos conservadores, Zapatero, o convidado especial deste ano, fez também referências à liberdade, ao diálogo de culturas, aos desempregados e aos homossexuais. "A minha oração de hoje pretende reivindicar a liberdade que cada um tem para viver a sua vida, para viver com a pessoa amada e para criar e cuidar da sua família, sendo respeitado por isso", declarou, numa intervenção que está a gerar duras críticas no seu país - onde alguns espanhóis já sugerem que leia a Bíblia com Rouco Varela, o arcebispo de Madrid, assim que regressar a Espanha.

Obama, por seu lado, também fez a defesa dos homossexuais, num discurso em que considerou inadmissível os seus adversários questionarem a sua fé. "Nós podemos não estar de acordo com o casamento homossexual, mas não podemos concordar com a penalização de gays e lésbicas, em leis odiosas como as que foram apresentadas agora no Uganda", disse, numa altura em que o grupo organizador do pequeno-almoço está a aparecer como suspeito de dar apoio à elaboração de tais leis naquele país africano.

O chefe do Estado americano chegou atrasado ao evento, acompanhado da mulher, Michelle, tendo, por isso, deixado de plantão o primeiro-ministro espanhol. Zapatero esperava poder trocar algumas palavras com ele momentos antes do início da oração. O líder do país que preside à UE ainda não obteve uma explicação pessoal sobre a ausência de Obama na cimeira UE-EUA, prevista para Maio em Madrid. Os analistas dizem que esta ausência revela a falta de credibilidade que a UE, mesmo com o Tratado de Lisboa, tem para os EUA. O líder americano prevê deslocar-se à Europa só em meados de Novembro, depois das eleições intercalares, para participar na cimeira da NATO, que decorrerá em Lisboa.

Apenas no final do encontro o espanhol conseguiu ter uma breve conversa com Obama, na qual este disse ter interesse "em manter boas relações com Espanha" - informou a Casa Branca. Mas a viagem de dois dias de Zapatero, na qual é acompanhado por uma dúzia de personalidades do mundo empresarial e jornalístico, já estava agendada antes de se saber que o Presidente americano decidira fazer gazeta à cimeira com a UE. Os seus gestos e palavras são também por isso muito para investidor americano ver e ouvir.

Isto numa altura em que a Bolsa espanhola regista as maiores quebras desde Novembro de 2008, em que se multiplicam os avisos da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional sobre o estado da economia espanhola, com um número de desempregados e um défice recorde, em que o Partido Popular, da oposição, regista já uma vantagem de 3,8% nas intenções de voto e ameaça avançar com uma moção de censura.
Fonte:DNGlobo

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