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Contas de luz pode subir quase o dobro das projeções do BC

Nesta quinta-feira, o Banco Central (BC) divulgou uma projeção bem conservadora, na visão do mercado, para o aumento de preços da energia...

Nesta quinta-feira, o Banco Central (BC) divulgou uma projeção bem conservadora, na visão do mercado, para o aumento de preços da energia elétrica para este ano - o reajuste será da ordem de 38%, segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O número já é maior do que o visto na ata anterior, de janeiro, que apontava para contas 27,6% mais caras. Contudo, ainda não contempla, para especialistas ouvidos pelo site de VEJA, a real situação do setor elétrico. Segundo eles, a alta deve ser de até 65%.

Para justificar o reajuste, o BC cita que o bolso do consumidor será impactado pelos repasses do custo de operações de financiamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). A CDE é uma conta que foi criada para desenvolver pesquisas e novos projetos para desenvolver o setor energético do país, mas seu uso foi deturpado pelo governo para bancar o desconto na conta de luz, prometido em 2012, e que teve de ser completamente revertido nos anos seguintes. Como a conta era financiada pelo Tesouro, com as medidas de ajuste fiscal, grande parte de seu peso recairá sobre o bolso dos consumidores.

Há ainda os empréstimos de quase 20 bilhões de reais que as distribuidoras de energia tomaram entre 2010 e 2013, que terão de ser pagos a partir deste ano, também por meio de reajuste nas tarifas. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está tentando convencer bancos a postergar esses pagamentos em dois a cinco anos e, assim, aliviar um pouco o repasse de preços. Outro empréstimo, de 3,15 bilhões de reais, também é negociado junto a banqueiros para que as distribuidoras consigam bancar seus gastos. Além do alto custo das térmicas e das parcelas dos empréstimos, a compra de energia da Usina de Itaipu e os próprios custos de distribuição também devem pesar na tarifa.

Este ano, excepcionalmente, além do reajuste anual habitual, também haverá uma revisão tarifária extraordinária, aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para todas as distribuidoras do país. Juntando a isso à inflação, que deve ficar entre 7,5% e 8% neste ano, o cenário é alarmante para o bolso dos brasileiros.

A Safira Energia, consultoria do setor, estima que o reajuste médio do setor fique em 54,7%, considerando possíveis acréscimos do sistema de bandeiras tarifárias, que pode aumentar o preço da conta de luz à medida que a situação climática piore - é um cálculo mensal. Fábio Cuberos, gerente de regulação da Safira, explica que o BC pode não ter incorporado em seus cálculos as bandeiras tarifárias, que representam 15,4 ponto porcentual dos 54,7%. As bandeiras, explicou, não entram na conta das distribuidoras, mas são cobradas, de qualquer forma, do consumidor. "As bandeiras tarifárias devem ficar vermelhas o ano todo e impactar em cerca de 7,7% mensalmente a tarifa do consumidor", disse.

As projeções ruins não param por aí. A Thymos Energia prevê que o rombo no setor elétrico a ser bancado pelos brasileiros seja da ordem de 115 bilhões de reais. Segundo Ricardo Savoia, diretor de regulação da Thymos, esse montante deve fazer com que a conta de consumidores de média tensão (comércio e pequenas indústrias) suba 65% apenas este ano, já considerando a inflação de 2015. No ano passado, houve aumento de 21% na tarifa - reajuste que já compensou a redução de 20% decretada pelo governo em 2012. Já a PSR Consultoria tem estimativas mais 'otimistas': de que o reajuste médio da tarifa para residências será de 41%, no mínimo. "O racionamento de energia há deveria ter sido colocado em prática desde o ano passado para reduzir o consumo e conscientizar a população", diz Savoia.

Na opinião do diretor-geral da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, tudo indica que este será mais um ano difícil para o setor. "Entraremos no período úmido em abril, com o nível dos reservatórios abaixo de 2014, possivelmente. Ano passado entramos em 38%; agora estamos em 25% e dificilmente conseguiremos alcançar a meta de 33% nos poucos dias que restam", apontou. Fróes estima um reajuste médio das tarifas em 60%. "Só não estamos piores porque a economia do Brasil não está crescendo", diz.

inf/veja

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