Síria: Explosões deixam mais de 50 mortos e dezenas de feridos
Ao menos 55 pessoas morreram e 372 ficaram feridas hoje em um duplo atentado suicida em Damasco, um dos mais sangrentos em 14 meses de vi...
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Os ataques ocorreram às 8h (2h de Brasília) de forma quase simultânea na zona de Qazzaz, no sul de Damasco, quando "as pessoas se dirigiam ao trabalho e as crianças entravam na escola", afirmou a televisão estatal. "Os dois atentados que foram praticados com um minuto de intervalo são ataques suicidas com carros-bomba, e deixaram 55 mortos e 372 feridos, civis e militares", informou a TV estatal citando o Ministério do Interior, indicando que a carga explosiva utilizada pesava "mais de 1.000 quilos".
Os atentados foram praticados diante de um edifício de nove andares no qual se localiza um escritório dos serviços de inteligência. Trata-se "de um dos ataques mais violentos na Síria desde o início da revolta", indicou o OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos).
"Inaceitáveis"
Pouco depois das explosões desta quinta, o emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, condenou os "inaceitáveis" atentados de Damasco. "Estes atos odiosos, são inaceitáveis e a violência na Síria deve parar", indicou seu porta-voz, Ahmad Fawzi, em uma declaração escrita enviada aos meios de comunicação.
"Ele está entristecido com a perda de vidas causada pelas duas explosões e apresenta suas condolências às famílias das vítimas", acrescentou Fawzi. "Qualquer ação que sirva para exacerbar as tensões e aumentar o nível de violência é contraproducente para os interesses de todas as partes", considerou o enviado da ONU na declaração.
Como ocorre desde o início da revolta na Síria, a rede de televisão pública acusou os "terroristas", referindo-se aos opositores ao regime de Bashar al-Assad, de terem cometido estes atentados, enquanto o CNS (Conselho Nacional Sírio), principal coalizão da oposição, apontou Assad como responsável pelos ataques.
"O regime comete estes ataques para enviar duas mensagens: dizer aos observadores internacionais que estão em perigo e dar força aos seus argumentos sobre a presença de grupos armados e da Al-Qaeda na Síria", declarou Samir Nachar, um dos dirigentes do CNS. "Infelizmente, a lentidão da comunidade internacional no caso sírio dá mais tempo ao regime para cometer estes atos", lamentou.
No local dos atentados, os corpos destroçados se misturavam aos automóveis destruídos e aos escombros provocados pela forte explosão, que criou uma cratera de três metros de profundidade no solo e deixou vários edifícios praticamente destruídos. Os serviços de emergência, ajudados pelos vizinhos, retiravam os cadáveres carbonizados dos restos dos veículos, ainda fumegantes.
"Esta é a liberdade que vocês querem? Crianças que iam à escola e funcionários que iam aos seus empregos morreram", gritava um vizinho, atordoado em meio ao espetáculo desolador.
Evitar a guerra civil
Estes ataques ocorrem no momento em que a comunidade internacional multiplica seus pedidos às partes em conflito na Síria para que não entrem em uma guerra civil. A trégua instaurada no dia 12 de abril não foi respeitada e inclusive os observadores internacionais mobilizados no país foram alvos de um ataque na quarta-feira.
Desde março de 2011, quando eclodiu a revolta na Síria e a violenta repressão por parte do regime, cerca de 12 mil pessoas morreram, em sua a maioria civis. Apenas desde 12 de abril, mais de 800 pessoas morreram violentamente, segundo o OSDH.
Por Folhapress/ Jornal agora