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Nasa descobre bactéria que se alimenta de arsênio

Na segunda-feira, um famoso blogueiro americano, Jason Kottke, perguntava: “Teria a Nasa descoberto vida extraterrestre?” No dia seguinte, p...

Na segunda-feira, um famoso blogueiro americano, Jason Kottke, perguntava: “Teria a Nasa descoberto vida extraterrestre?” No dia seguinte, pelo Twitter, Alexis Madrigal, editor da revista The Atlantic, desmentiu Kotkke: “Não é nada disso”, tuitou. Mas o certo seria afirmar que “não é bem isso”. A Nasa descobriu, em solo terrestre, ou melhor, em um lago da Califórnia onde a concentração de arsênio é altíssima, uma bactéria que se comporta como um ser extraterrestre – ou como os cientistas imaginam que um organismo assim se comportaria.

A bactéria foi encontrada no lago Mono, conhecido pela hipersalinidade e pela alta concentração de arsênio, elemento químico que em grandes quantidades é tóxico para a maioria dos seres vivos. A bactéria se adaptou ao ambiente hostil e substituiu o fósforo – um dos seis elementos essenciais à vida – pelo arsênio.

O que isso pode nos dizer sobre a vida fora da Terra? Outros planetas e luas são desfavoráveis ao tipo de vida que conhecemos por conta das diferentes concentrações de elementos químicos. Um tipo de vida baseada em arsênio pode indicar que nos outros astros pode haver vida também, desde que baseada nos elementos abundantes por lá. Isso aumenta as perspectivas de desenvolvimento da vida e amplia o escopo das buscas por formas extraterrestres. O estudo será publicado na revista Science e foi liderado pelo Instituto de Astrobiologia da Nasa.

A base da vida - Cerca de 98% do corpo humano é formado por apenas seis elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo. Eles são a base de proteínas, lipídios e o próprio DNA — a base do que chamamos de vida. Mas é possível que uma combinação diferente de elementos na tabela periódica tenha a mesma função. O fósforo faz parte de moléculas que dão energia aos seres vivos. Como o arsênio possui propriedades químicas semelhantes, cientistas já haviam teorizado que seria possível manter a estrutura física das moléculas trocando um elemento pelo outro. Mas isso não havia sido observado na natureza.

Partindo dessa ideia, a equipe de pesquisadores liderados pela bioquímica Felisa Wolfe-Simon isolou uma cultura de bactérias da família Halomonadaceae do Lago Mono. Esse lago supersalgado é considerado inóspito para a maioria dos seres vivos, mas alguns organismos conseguem sobreviver. Os cientistas cultivaram as bactérias em uma solução salina de fósforo e foram alterando a concentração gradativamente, substituindo o elemento por arsênio. As bactérias conseguiram se adaptar à solução e passaram a integrar o arsênio no seu ‘maquinário celular’. Em vez de fósforo, os pesquisadores passaram a encontrar arsênio nas estruturas moleculares.

Por causa dessa descoberta a ciência terá que fazer um “busca mais profunda do conceito da arquitetura da vida”, diz Vera Solferini, bióloga do Departamento de microbiologia do Instituto de Biologia da Unicamp. Ela destaca que as pesquisas que buscam a origem da vida terão o horizonte ampliado. De acordo com os autores da pesquisa, a vida como conhecemos exclui alguns elementos e inclui outros. “Tudo leva a crer que essas não são as únicas opções”, destaca o artigo. Felisa acredita que a maior descoberta não está no Lago Mono. “Se um organismo pode realizar algo tão inesperado na Terra, o que mais a vida pode fazer que não vimos ainda?”, diz. “É hora de descobrirmos”./Veja

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