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Lixo nas ruas colabora para o drama das enchentes

Os últimos casos de enchentes que assolaram alguns municípios brasileiros levantaram a questão do despejo irregular de lixo nas cidades. Não...

Os últimos casos de enchentes que assolaram alguns municípios brasileiros levantaram a questão do despejo irregular de lixo nas cidades. Não é raro encontrar pessoas que jogam todo tipo de resíduos nas ruas, praças, parques e praias.

De acordo com o antropólogo José Carlos Rodrigues, a questão da limpeza pública na história das cidades sempre foi problemática. Para ele, a dificuldade decorreu principalmente do fato de que os habitantes das cidades não tinham cultura urbana. “Essas populações, cujos ancestrais provinham do campo, cresceram em um ambiente de cultura capitalista, marcadas por uma visão de mundo diferente da anterior. As pessoas não se importavam de se misturar com o mundo e entre si. Com o surgimento do capitalismo, elas começaram a perceber que a convivência com os resíduos era nefasta”, esclarece.

O antropólogo explica que nas cidades medievais, os cemitérios ficavam alocados dentro das igrejas e as sepulturas ficavam abertas até encherem completamente. “A profissão de gari, que hoje é tão importante, só foi inventada no século 18. Sempre houve nas cidades modernas uma luta contra essa cultura, da população não se sentir perturbada pela convivência com o lixo urbano”, enfatiza.
Para o profissional, a razão fundamental de as pessoas não se importarem em viver numa cidade suja está ligada ao fato de não se sentirem incomodadas. “É claro que como estamos falando de todo um processo histórico, sempre há aqueles que desejam modificar a situação”, aponta.

De acordo com Rodrigues, a separação entre o domínio público e o privado ainda não está nítida, e as pessoas acham que podem fazer em locais públicos o que acreditam ser correto. “É necessário pensar no outro. A pessoa, por exemplo, ao jogar o cigarro aceso no chão, não se importa se pode vir alguém descalço atrás. Ele se porta no ambiente público como se estivesse em local privado.”

Para o antropólogo, há uma desvalorização das ruas e demais lugares de visitação ou passagem pública. “As pessoas não jogariam lixos e resíduos no chão de suas casas, mas fazem isso em outros locais”.
Caminho da mudança enfrenta resistência

Será que há alguma solução para a problemática do despejo de resíduos nas ruas? O antropólogo explica que o caminho para a mudança não é uma tarefa fácil, pois encontra uma pressão muito forte por parte da população. “A melhor forma é fazer uma doutrinação sistemática nas escolas, meios de comunicação, instituições religiosas e no Governo. Esse caminho sempre encontrou resistência no modo de ser da população, de se relacionar com o mundo”, diz.

Para ele, atos de vandalismo, como a destruição de lixeiras, são demonstrações de autoafirmação e não somente perversidade. “O Brasil está seguindo o caminho da mudança, talvez não com a intensidade e frequência necessárias, mas as autoridades e instituições têm procurado conscientizar a população”.

Limpeza inviabilizada

Além dos detritos naturais, como as folhas das árvores, o lixo despejado irregularmente impede que os garis executem outros serviços. O Rio de Janeiro, por exemplo, é uma cidade praiana e arborizada e, de acordo com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, seria impossível zerar a quantidade de lixo público, pois sempre haveria os resíduos naturais.

“Caso as pessoas evitassem jogar lixo nas ruas, o trabalho dos garis seria menor e, consequentemente, eles seriam direcionados a fazer outras atividades de limpeza urbana, como retirada de pichações, poda de árvores e desentupimento de bueiros”, informou a assessoria./ Arca Universal /iGoospel

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