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Extremista branco é morto por negros e levanta o risco de choques étnicos na Copa

  Publicado em 10 de abril 2010 O apartheid, regime segregacionista de dominação branca na África do Sul, foi extinto oficialmente há 16 an...

 Publicado em 10 de abril 2010
O apartheid, regime segregacionista de dominação branca na África do Sul, foi extinto oficialmente há 16 anos. Mas o que se viu na semana passada em Ventersdorp, um vilarejo de 2 mil habitantes a 140 quilômetros de Johannesburgo, mostrou que o ódio racial subsiste. Na frente do tribunal da cidade, a polícia teve de usar cercas de arame farpado para evitar um confronto entre brancos e negros. O motivo era o indiciamento de dois negros acusados de matar a canos e facadas o líder radical branco Eugène Terre’Blanche no dia 3. Um lado chamava os indiciados de “heróis”; o outro prometia vingança pela morte de Terre’Blanche. Entre os manifestantes africâneres (descendentes dos colonizadores holandeses), lia-se um cartaz: “Futebol 2010: 65 dias para o caos”. O caso poderia ameaçar a segurança da Copa do Mundo?

As investigações policiais levam a crer que o assassinato de Terre’Blanche, um dos fundadores do grupo extremista Movimento de Resistência Africâner (AWB), não teve motivação racial. Os dois negros, funcionários de uma fazenda de Terre’Blanche, teriam decidido matá-lo devido ao não pagamento de um salário de 300 rands (o equivalente a R$ 70).

Tanto o presidente Jacob Zuma quanto os organizadores da Copa afirmaram ser um caso isolado, sem conexão com o clima geral do país. Para o inglês John Carlin, autor do livro que inspirou o filme Invictus, sobre a união de negros e brancos na conquista da Copa do Mundo de rúgbi de 1995, há uma repercussão exagerada do episódio. “É ridículo pensar que isso trará problemas para a Copa. Terre’Blanche deixou de ser representativo há tempo”, diz Carlin. Richard Stengel, diretor da revista Time e colaborador da autobiografia de Nelson Mandela, afirma que a maioria apoia o ideal da multirracial “nação arco-íris” concretizado por Mandela.

Isolado ou não, o crime mostra que o caminho da tolerância é árduo. Segundo o Instituto de Relações Raciais da África do Sul, 250 mil pessoas foram vítimas de crimes raciais desde 1994, a maioria brancos. O chefe da Liga Juvenil do governista Congresso Nacional Africano, Julius Malema, incita o ódio ao entoar em comícios a canção “Atire no bôer” (termo que designa fazendeiros brancos). Espera-se que o poder agregador do futebol, assim como o do rúgbi em 1995, possa colocar negros e brancos na mesma arquibancada.
Fonte: Revista epoca

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