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Saramago advoga "direito à heresia"

 Publicado em 25 de outubro 2009 Aspectos do mais recente romance do Nobel da Literatura discutidos ontem à noite na SIC. A Bíblia "n...

 Publicado em 25 de outubro 2009
Aspectos do mais recente romance do Nobel da Literatura discutidos ontem à noite na SIC.
A Bíblia "não é para ser lida de maneira literal", defendeu o padre Carreira das Neves, considerando "historicista" e "literalista" a interpretação feita por José Saramago em Caím, a sua mais recente obra.
Foi a propósito deste livro, e da controvérsia suscitada pela abordagem que o Nobel da Literatura de 1998 faz da figura bíblica de Caím, que a SIC e a SIC Notícias transmitiram ontem à noite um debate entre o autor de Memorial do Convento e aquele teólogo e professor de Ciências Bíblicas.
No debate, Saramago defendeu o "direito à heresia" e o "direito à dissidência" como bens essenciais à liberdade intelectual, dizendo que a Declaração Universal dos Direitos do Homem é escassa na matéria, ao centrar-se em direitos políticos, sociais e "materiais".
Quanto ao livro, o romancista disse estar "empapado de valores cristãos", que são a raiz "de muito" do que é, mas que sempre lhe pareceu "que a história de Caím não era convincente". E que, tendo começado a escrevê-lo apenas em Novembro passado, este resulta de um interesse "de mais de 40 anos".
Quanto ao seu objectivo, garantiu, esteve sempre longe de qualquer intuito de polémicas. Mais adiante, admitirá que se excedeu ao chamar filho da p*** a Deus.
Ponto central da argumentação de Carreira das Neves a "necessidade de ler todo o capítulo IV"do Génesis para entender a "tensão entre Caím e Abel" e o contexto histórico em que foi produzido o texto. Sem isso, o "literalismo" de Saramago torna-se redutor.
Deus "é para além da razão", defendeu Carreira das Neves; "ninguém pode dizer que Deus existe ou não à luz das ciências", contrapondo este argumento à frase em que Saramago classificou como "uma impossibilidade" acreditar em Deus ". Não sem ironia, disse que "a única ocupação de Deus foi fazer o mundo" e descansar ao sétimo dia - "e continuou a descansar até hoje". Por isto, admitiu, poderá ser chamado herético. "Se não acredita em Deus, não há heresia", retorquiu o teólogo.

Fonte:DN

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