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Padre acabou a missa e foi detido por tráfico de armas

  Publicado em 27 de outubro 2009 Covas do Barroso, no concelho de Boticas, é um desses sítios onde parece que o tempo parou: há um punhado...

 Publicado em 27 de outubro 2009
Covas do Barroso, no concelho de Boticas, é um desses sítios onde parece que o tempo parou: há um punhado de casas de pedra habitadas por pouco mais de trezentas pessoas e, tutelar, uma velha igreja românica, dedicada a Santa Maria, com um adro relvado e bucólico, rodeado de pinheiros, e uma antiga torre sineira no exterior. Foi aí, à chuva, que alguns militares da GNR tiveram que esperar pelo final da missa dominical de ontem para deter o padre da localidade, um homem de 74 anos que alegadamente se dedicava à venda ilegal de armas há cerca de três décadas.

Para as cerca de quarenta pessoas que assistiam à eucaristia no templo onde está sepultado D. Afonso Anes de Barroso, escudeiro do primeiro duque de Bragança falecido em 1459, a cerimónia religiosa teve, assim, um final inesperado. "Infelizmente, a única solução que tivemos foi deter o pároco mal terminou a eucaristia. Uma vez que se trata de um meio pequeno, havia o risco de a nossa presença ser notada e de, consequentemente, ser possível a ocultação e a destruição de provas caso não actuássemos de imediato", explicou ao público o comandante da GNR de Chaves responsável pela operação, o capitão Filipe Soares.

Para além do pároco, foram detidas mais três pessoas, com idades compreendidas entre os 50 e os 54 anos, todos pensionistas e reformados, os quais deverão ser hoje presentes ao Tribunal de Boticas, que estabelecerá as medidas de coacção a que os ontem detidos ficarão sujeitos. A operação, que envolveu cerca de três dezenas de militares da GNR, levou ainda à apreensão de dez caçadeiras, cinco pistolas, um revólver e uma carabina, milhares de munições de diversos calibres e ainda uma quantidade considerável de materiais explosivos, nomeadamente pólvora. "Não eram armas adulteradas. Trata-se de armas novas", sublinhou o capitão Filipe Soares.

Ao que foi possível apurar junto das autoridades, a operação de ontem está relacionada com o recente desmantelamento de uma rede que simulava o furto de viaturas em território nacional, as alterava em Espanha e as reintroduzia posteriormente no mercado português de veículos usados.

Ignora-se, porém, qual a relação do pároco de Covas de Barroso com esta rede criminosa. A investigação deverá, aliás, prosseguir nos próximos meses, uma vez que existe a possibilidade de algumas das armas agora apreendidas terem sido utilizadas em crimes anteriormente perpetrados, na medida em que apresentavam os respectivos números de série raspados.

A operação de ontem, refira-se, estava a ser preparada há já algum tempo e só avançou depois de ter obtido luz verde da Polícia Judiciária, cujo laboratório vai agora analisar os itens apreendidos para averiguar da sua eventual relação com outra actividade criminosa grave. De acordo com uma fonte contactada pelo PÚBLICO, existirão elementos que alegadamente indicam que o pároco de Covas do Barroso se dedica ao tráfico de armas há cerca de trinta anos. "É um meio pequeno, as pessoas falavam, mas ninguém se comprometia ao ponto de assinar uma denúncia formal", explicou o capitão Filipe Soares ao PÚBLICO.

Esta actividade criminosa, de acordo com o responsável pela investigação, seria realizada com algum cuidado e, alegadamente, as armas só eram vendidas a pessoas conhecidas, suspeitando-se que se destinavam à realização de outros crimes, incluindo homicídios por encomenda, cujos executantes encontravam em Covas do Barroso um fornecedor relativamente discreto e seguro.

Não admira. Na página de entrada dositeda Junta de Freguesia de Covas de Barroso, a única notícia dá conta de que "os lobos mataram um vitelo e um cavalo" na localidade. "Os lobos que têm sido vistos, com regularidade, no termo da freguesia, atacaram o vitelo quando pastava no lameiro", lê-se. Mas, parece, nem só os lobos se dedicavam a actividades furtivas naqueles ermos barrosões
Fonte: Publico.pt

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